9 de maio de 2013

Exposição Baixa em Tempo Real: algumas questões de acessibilidade

A exposição “Baixa em Tempo Real”, patente na Galeria Millenniun em Lisboa até 24 de Maio, pretende retratar a Baixa Pombalina em tempo real. O projecto foi desenvolvido pelo Departamento de Museologia da Universidade Lusófona em colaboração com outros departamentos desta Universidade.

Uma das preocupações dos organizadores foi disponibilizar informação em vários formatos para pessoas cegas e surdas. No entanto, algumas das opções tomadas na verdade dificultam ou impossibilitam o acesso. Alguns exemplos:

Foto: GAM
- Existe uma galeria táctil de fotografias, mas foi colocada na vertical. Esta disposição não só dificulta a exploração pelos cegos, mas torna-a também cansativa. Os objectos expostos para exploração táctil (incluindo as legendas) devem ser colocados na horizontal ou numa posição inclinada(<45>

- Os visitantes cegos são levados através de um guia podo-táctil (um guia no chão que pode ser seguido com a bengala) até uma mesa exploratória, com vários materiais informativos. No entanto, essa mesa é muito baixa para servir o propósito pelo qual foi concebida e, por isso, desconfortável para a exploração de imagens tácteis;

Foto GAM
- As legendas em braille têm erros, o que indica que não houve uma boa revisão dos textos por uma pessoa que saiba ler braille.

Estes são alguns exemplos do que encontrámos na exposição Baixa em Tempo Real e que são encontrados com alguma frequência em várias outras exposições que pretendem ser acessíveis a visitantes cegos ou com baixa visão. São também de fácil resolução.

2 comentários:

  1. Antes de mais agradeço a breve análise que fez à exposição Baixa em Tempo Real, no entanto não consigo ficar indiferente e deixar de acrescentar alguns detalhes que considero importantes à sua descrição.



    É importante realçar que esta é uma exposição de cariz exploratório onde todos os objetos de acessibilidade foram construídos pelos alunos de Mestrado de Comunicação Alternativa e Tecnologias de Apoio, com os alunos de Museologia e foram testados com utilizadores portadores de deficiências visuais, baixa visão e portadores de deficiências auditivas e mobilidade reduzida.

    Em relação à galeria tátil na vertical, claramente foi uma opção expográfica para demonstrar a inserção de recursos de acessibilidade inseridos nas próprias instalações da exposição. Neste sentido estas imagens podiam ser exploradas quer por portadores de deficiências visuais como por visitantes normo-visuais.

    Obviamente que o material a ser explorado encontra-se distribuído pelas mesas da galeria, sendo uma apetrechada com bancos para permitir a exploração do material tátil de forma mais confortável.

    Quanto ao erro em braille, a imagem que tinha um erro devido à impressão sobreposta já foi retirado da exposição.


    Em todo o caso vamos transmitir os vossos comentários ao Diretor do Mestrado Comunicação Alternativa e Tecnologias de Apoio, Professor Deodato Guerreiro, a fim de estudarmos correções e melhoramentos.




    Ficamos a aguardar o vosso comentário relativamente aos recursos disponibilizados para os portadores de deficiências auditivas, aos restantes recursos para portadores de deficiências visuais e às intervenções na galeria tendo em conta portadores de mobilidade reduzida.

    De facto não se pode limitar a questão da acessibilidade apenas às pessoas cegas.

    Apesar dos vossos comentários só terem sido feitos no final da exposição, teremos o maior cuidado em corrigir tudo aquilo que ainda for possível.

    Obrigada, 

    Com os melhores cumprimentos, 

    Ana Maria Moutinho

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  2. Cara Ana Moutinho,

    Muito obrigado pelo seu comentário. O GAM quis chamar a atenção para alguns aspectos apenas, aqueles que costumamos encontrar em várias exposições que pretendem ser acessíveis e que são facilmente evitáveis, ou seja, há outras opções que permitem alargar o acesso(uma galeria na vertical é extremamente desconfortável para as pessoas cegas; uma galeria na horizontal e na altura certa é confortável para pessoas que vêem e que não vêem).

    Neste post levantámos apenas algumas questões, não se trata de uma análise da exposição. Ontem demos conhecimento do mesmo ao Prof. Mário Moutinho e, se acharem oportuno, o GAM terá todo o gosto em marcar uma reunião e discutir estes e outros aspectos da exposição.

    Obrigada,

    P´lo GAM
    Maria Vlachou

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